sábado, 14 de janeiro de 2012

2h30-3h30


Eu conversando comigo mesmo na madrugada de sexta pra sábado.

- Por que você tá chorando Jess?
- Porque sim. Porque não era pra eu tá aqui, nessa casa, onde eu passo todo o meu dia e perco todo o meu tempo. Não era pra eu tá nessa solidão. Eu quero viver, não sobreviver. Entende?
- Entendo não Jess. Quer dizer, por que você não vai viver?
- Porque eu não sei viver sozinha, acho que vou me perder. Entende isso?
- Entendo não Jess. Você é complicada mesmo.
- É, ninguém me entende. Mas eu nem sou tão complicada assim. Na verdade, me assusto com a facilidade com que as pessoas me decifram.
- Para de chorar Jess. Vai ficar tudo bem, você vai ver...
- Será que vai mesmo? Porque a escuridão está vencendo, eu estou caindo no buraco... Será que vai aparecer um príncipe encantado montado num cavalo branco pra me salvar? Será que eu vou ter um "felizes para sempre"?
- Príncipe encantado não. O lobo mau é mais divertido, faz mais o seu tipo.
- E ai eu vou viver feliz para sempre?
- Quer a verdade? O "felizes para sempre" não existe garota. O sofrimento é bom, ele faz a felicidade valer a pena. Depois da tempestade vem o arco-íris, mas não há um pote de ouro no final dele.
- Mas o arco-íris dura tão pouco, e a tempestade é longa e devastadora.
- Se fosse uma coisa que a gente pudesse ter a qualquer hora ou se ele ficasse por mais tempo, ou ocorresse com mais frequência, ninguém daria valor quando visse um. Ninguém o admiraria se fosse algo comum. É a raridade que faz ele ser mágico.
- Mas por que não posso ter a felicidade completa mesmo que seja por pouco tempo?
- Talvez porque quando você tiver vai ser pra sempre.
- Você acabou de dizer o "felizes para sempre" não existe.
- Bem, pra toda regra há uma exceção. Não é o que dizem?
- Exceção...
- É, exceção. Uma coisa única, rara...
- Como um arco-íris.
- Isso Jess, como um arco-íris... Espera, isso ai é um sorriso?
- Talvez.
- Complicada.
- Não. Preparada - para e pela vida.
- Achei que você não soubesse viver sozinha.
- E não sei. Mas isso não me impede de me munir. Afinal enquanto o meu herói não chega, eu tenho que me segurar nas bordas no buraco e lidar com toda vida ao meu redor.
- Garota esperta, mas não confunda teoria com prática, observar é diferente de viver, Jess.
- Eu sei disso. Se eu quisesse já tinha dado uma de forte e saído do buraco sozinha, mas tenho medo de fazer isso e querer voltar pra ele.
- Entendo. Só não espera demais Jess. Porque talvez...
- Talvez...?
- Nada não. É bobagem.
- Talvez ninguém venha me salvar. É isso que você ia dizer?
-... Era. Mas como disse, é bobagem.
- Você também tem medo? Tem medo de que no fim não apareça ninguém, de que toda essa espera seja em vão?
- Jess?
- O que?
- Vai dormir antes que você volte a chorar.
- Tá.

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